Português

Os cem anos da formação da Internacional Comunista

Publicado originalmente em 20 de Março de 2019

No início deste mês, completaram-se cem anos do congresso de fundação da Terceira Internacional, a Internacional Comunista, que foi realizado entre 2 e 6 de março de 1919, em Moscou. Embora a viagem tenha sido difícil devido à violenta guerra civil e ao bloqueio imperialista, 51 delegados participaram do congresso, 35 com plenos direitos de voto representando 17 organizações e 16 com votos consultivos representando outras 16 organizações. Nos anos seguintes, milhões de trabalhadores revolucionários em todo o mundo se juntariam aos partidos comunistas da Terceira Internacional.

O colapso da Segunda Internacional

A fundação da Terceira Internacional foi a resposta ao colapso da Segunda Internacional no início da Primeira Guerra Mundial. Em 4 de agosto de 1914, sua seção mais poderosa e influente, o Partido Social Democrata da Alemanha (SPD, na sigla em alemão), votou a favor dos créditos de guerra no Reichstag, oferecendo assim seu apoio aos objetivos de guerra do imperialismo alemão. Com exceção das seções russa e sérvia, todas as outras seções seguiram o exemplo do SPD e apoiaram o banho de sangue imperialista.

Com seu apoio aos créditos de guerra, os líderes socialdemocratas traíram os princípios mais elementares do internacionalismo socialista. Apenas algumas semanas antes eles tinham condenado a guerra e prometido em discursos cerimoniais mobilizar a classe trabalhadora contra ela. Eles então se uniram ao campo imperialista, fechando um acordo com suas próprias burguesias, reprimindo a luta de classes e levando seus membros para as trincheiras, onde eles massacraram uns aos outros.

Uma traição política em tal escala histórica não poderia ser explicada por motivos subjetivos. Ela tinha profundas raízes objetivas. As várias internacionais não tinham surgido por acidente, mas a criação de cada uma delas, sua política e métodos de trabalho estavam intimamente ligados a etapas específicas do desenvolvimento social.

Congresso de fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores em Londres em 1864 (Marx está sentado à esquerda do orador)

A Primeira Internacional, que surgiu com a participação ativa de Marx e Engels em 1864, teve um caráter preparatório. Antecipou desenvolvimentos futuros e os preparou política e teoricamente. Após a supressão da Comuna de Paris, a primeira tentativa heroica da classe trabalhadora de tomar o poder, ela foi dissolvida no decorrer da década de 1870.

A Segunda Internacional foi fundada em 1889 e correspondia a uma época diferente. Sob condições de uma rápida expansão econômica, poderosas organizações de trabalhadores se desenvolveram e se consolidaram. Embora tenham declarado seu apoio ao internacionalismo, as condições objetivas impuseram um caráter nacional às suas visões políticas e atividades práticas. Sua práxis estava centrada na luta pela reforma democrática e social e no fortalecimento organizacional dos partidos e sindicatos.

Foi um período de desenvolvimento gradual e orgânico, que não proporcionou aos partidos socialdemocratas uma oportunidade para uma luta revolucionária contra o poder do Estado. A famosa frase de Karl Kautsky, “O Partido Socialista é revolucionário, mas não um partido para fazer a revolução”, que ele formulou no Die Neue Zeit em 1893, refletia sem dúvida a relação entre os fatores subjetivos e objetivos da época.

A tensão entre a perspectiva revolucionária e a prática reformista criou terreno fértil para tendências oportunistas opostas a uma perspectiva revolucionária. Essas tendências encontraram apoio entre funcionários privilegiados do partido, burocratas sindicais e setores de trabalhadores mais bem pagos. Como explicou Lênin, a burguesia, em um período de expansão relativamente pacífica, deu-lhes “migalhas dos lucros do capital nacional”, o que “os afastou da miséria, do sofrimento e do temperamento revolucionário das massas arruinadas”.

Rosa Luxemburgo falando em um comício no congresso de 1907 da Segunda Internacional em Stuttgart

Essa “aristocracia operária” identificava cada vez mais seus interesses, em tempo de paz e de guerra, com os êxitos econômicos e políticos de seu “próprio” imperialismo. Nos congressos do SPD, ela permanecia, junto com seu porta-voz mais importante, Eduard Bernstein, em minoria. No entanto, ela foi tolerada como parte legítima do SPD e ganhou maior influência no aparato partidário e nos sindicatos.

O início da Primeira Guerra Mundial, em agosto de 1914, marcou o começo de uma nova etapa do desenvolvimento capitalista, a época do imperialismo, uma época de guerras e revoluções. A política mundial dominou a política nacional, tornando-se impossível manter uma orientação revolucionária no âmbito do Estado-nação. Essa foi a razão do colapso da Segunda Internacional. O oportunismo, que confrontado com a guerra defendeu o reformismo e a colaboração de classes, agora mostrava suas verdadeiras cores, abraçava o chauvinismo e o entusiasmo a favor da guerra e capturava todos os elementos indecisos e hesitantes.

“O significado real e objetivo da guerra é o colapso dos atuais centros econômicos nacionais e sua substituição por uma economia mundial”, escreveu Trotsky ao resumir o significado da guerra várias semanas depois de seu início. “Os partidos socialistas da época que havia sido concluída eram partidos nacionais. Eles tinham se arraigado aos estados nacionais em todos os diferentes ramos de suas organizações, em todas as suas atividades e em sua psicologia. Diante das declarações solenes em seus congressos, eles se levantaram em defesa do Estado conservador em um momento em que o imperialismo, que havia crescido enormemente no território nacional, começou a demolir as antiquadas barreiras nacionais. E em seu colapso histórico, os estados nacionais derrubaram com eles também os partidos socialistas nacionais.”

As tarefas da Terceira Internacional

Lênin e Trotsky estavam, portanto, convencidos de que não se tratava de reviver a Segunda Internacional após o seu colapso. A tarefa política mais urgente era a construção de uma Terceira Internacional, cujas tarefas e métodos seriam fundamentalmente diferentes dos de sua antecessora.

Em primeiro lugar, já não era possível trabalhar na mesma organização que os oportunistas. Embora os marxistas dentro da Segunda Internacional tenham combatido os oportunistas durante anos, o revisionismo “foi, no entanto, considerado uma parte legítima” da socialdemocracia. Lênin enfatizou que isso não poderia continuar, escrevendo: “A unidade com os oportunistas na verdade significa hoje subordinar a classe trabalhadora à ‘sua’ burguesia nacional, aliando-se a ela com o objetivo de oprimir outras nações e de lutar por privilégios do grande poder; significa dividir o proletariado revolucionário em todos os países”.

Em segundo lugar, a relação entre os fatores objetivos e subjetivos tinha mudado radicalmente. Enquanto a Segunda Internacional apenas colocava a questão da conquista do poder teoricamente, a revolução socialista era para a Terceira Internacional uma tarefa prática, não uma meta geral para um futuro distante. A frase de Kautsky de que a socialdemocracia não era “um partido para fazer revoluções” e que “não faz parte do nosso trabalho instigar uma revolução ou preparar o caminho para ela”, que tinha uma certa justificativa na década de 1890, era agora um obstáculo à revolução e uma avaliação totalmente falsa.

O congresso de fundação da Internacional Comunista em 1919

A Terceira Internacional representava uma concepção diferente da liderança revolucionária. Suas tarefas consistiam não apenas em prever a inevitabilidade da revolução, mas em prepará-la e liderá-la. Essas tarefas surgiram do caráter da época imperialista, em que todos os pré-requisitos econômicos para a revolução socialista estavam maduros. O conflito entre a propriedade privada e a produção socializada, entre a economia mundial e o Estado-nação, produziu fortes tensões sociais. Mas sua explosão inevitável só poderia resultar em uma revolução socialista se um partido marxista revolucionário interviesse conscientemente.

“Se a Primeira Internacional pressagiou o curso futuro do desenvolvimento e indicou seus caminhos; se a Segunda Internacional reuniu e organizou milhões de trabalhadores; então, a Terceira Internacional é a Internacional da aberta ação em massa, a Internacional da realização revolucionária, a Internacional do ato”, declarou o manifesto do congresso de fundação da Terceira Internacional, que foi escrito por Trotsky.

E, em terceiro lugar, a Terceira Internacional não era uma federação de seções nacionais, mas um partido mundial que perseguia uma estratégia global. Isso não significava que as condições em todos os países eram as mesmas, que a revolução ocorreria em todos os lugares ao mesmo tempo, ou que nenhuma tática específica para um determinado país fosse necessária. Significava que uma política nacional correta poderia ser desenvolvida somente a partir de uma análise global, que cada seção “deveria proceder diretamente de uma análise das condições e tendências da economia mundial e do sistema político mundial como um todo”, como observou Trotsky. Em 1928, ele escreveu: “Na época presente, em uma extensão muito maior do que no passado, a orientação nacional do proletariado deve e pode fluir somente de uma orientação mundial e não o contrário. Aqui reside a diferença básica e primária entre o internacionalismo comunista e todas as variedades do socialismo nacional.”

Isso explica a incrível riqueza política e teórica da Terceira Internacional nos primeiros anos de sua existência. Foi uma escola de estratégia internacional concentrada nos problemas e tarefas dos partidos comunistas em todo o mundo. Através dela, a classe trabalhadora poderia seguir a teoria e a prática do movimento internacional dos trabalhadores como um todo, envolver-se em seus complexos problemas políticos e aprender com eles. As resoluções e protocolos dos quatro primeiros congressos, que compõem vários volumes, fornecem um guia inesgotável para a estratégia e as táticas revolucionárias.

A Revolução de Outubro de 1917

A construção da Terceira Internacional foi a mais importante conclusão tirada por Lênin da traição de 1914. Essa não era uma questão acadêmica abstrata. Ela determinou a perspectiva e o programa do Partido Bolchevique no ano revolucionário de 1917. Juntamente com a teoria da revolução permanente de Trotsky, ela formou a base para a vitória da Revolução de Outubro.

Desde o início da guerra, Lênin defendeu uma ruptura completa com os oportunistas e defendeu a transformação da guerra em uma guerra civil, ou seja, em uma revolução socialista. Mas mesmo na primeira conferência internacional contra a guerra, que se reuniu na aldeia suíça de Zimmerwald em setembro de 1915, a posição de Lênin era minoritária. A maioria dos socialistas contra a guerra exigia a paz sem anexações, ou seja, um retorno ao status quo antes da guerra. Mas a perspectiva de Lênin seria confirmada de maneira dramática apenas dois anos depois.

Os mencheviques e os socialistas-revolucionários, que chegaram ao poder na Rússia em fevereiro de 1917 após uma revolta revolucionária contra o regime czarista, recusaram-se a cumprir uma única exigência revolucionária das massas, provando assim que não havia saída para a guerra sobre uma base capitalista. Eles continuaram a guerra imperialista, opuseram-se à reforma agrária e lançaram uma repressão implacável contra os trabalhadores revolucionários. A classe trabalhadora moveu-se para a esquerda e voltou-se para os bolcheviques. Sob a liderança de Lênin e Trotsky, ela tomou o poder em outubro de 1917 e estabeleceu o primeiro estado operário na história.

O segundo congresso da Internacional Comunista (Trotsky é o terceiro da esquerda para a direita, ao lado de Paul Levi e Zinoviev)

Lênin e Trotsky acreditavam firmemente que o poder dos trabalhadores na Rússia economicamente atrasada só poderia ser consolidado a longo prazo se servisse de prelúdio à revolução socialista mundial. Essa perspectiva era realista. Os anos seguintes foram dominados pelas lutas em massa da classe trabalhadora por toda a Europa e pelas lutas anticoloniais na China, na Índia e em outros países. Esses movimentos não produziram revoluções vitoriosas unicamente por causa da falta de uma liderança revolucionária experiente ou à sua conexão inadequada com as massas.

Em novembro de 1918, a revolução alemã se espalhou como fogo por todo o país, forçando o kaiser a abdicar e levando ao surgimento de conselhos de trabalhadores e soldados em todos os lugares. Os socialdemocratas chegaram ao poder e suprimiram a revolução formando uma aliança com o alto comando do exército e assassinando os líderes revolucionários Rosa Luxemburgo e Karl Liebknecht. As repúblicas soviéticas existiram na Baviera por vários dias, e na Hungria por vários meses, mas ambas foram brutalmente reprimidas pelas tropas contrarrevolucionárias. Contra essa situação, a Internacional Comunista emergiu rapidamente como o centro da revolução mundial.

A degeneração stalinista

O papel central do fator subjetivo na época imperialista era também o principal problema que a Terceira Internacional tinha que resolver. Ela teve que preencher o abismo entre a maturidade da situação política e a imaturidade da liderança revolucionária. Esse problema, que foi o legado de desenvolvimentos anteriores, poderia ter sido superado com o tempo. No entanto, um processo de degeneração política dentro do Partido Comunista Russo neutralizou cada vez mais esses esforços.

Quando o quarto congresso da Internacional Comunista se reuniu em novembro de 1922, Lênin já havia sofrido seu primeiro derrame. Pouco tempo depois, em março de 1923, um novo derrame o impediu de continuar seu trabalho político. Trotsky, o principal teórico da revolução socialista mundial, foi pressionado por um partido orientado nacionalmente e pela burocracia estatal sob a liderança de Stalin.

Em 1924, Stalin proclamou a teoria do “socialismo num só país”, que afirmava ser possível construir o socialismo independentemente da economia mundial e dentro do quadro nacional da União Soviética, que se tornou a doutrina estatal do regime stalinista. Teoricamente, isso significou um retorno ao socialismo nacional da direita dos socialdemocratas, enquanto politicamente isso significou a subordinação da Internacional Comunista aos interesses nacionais da burocracia soviética.

Trotsky e a Oposição de Esquerda lutaram anos contra essa degeneração. Em 1928, Trotsky, que havia sido expulso da Internacional Comunista um ano antes, foi o autor de uma crítica devastadora de seu projeto de programa. Ele demonstrou que a teoria do “socialismo em um país” tinha implicações horrendas para a política econômica na União Soviética. A tomada do poder pelo proletariado “não excluiu a república soviética do sistema da divisão internacional do trabalho”, escreveu Trotsky. Ele também enfatizou que o “socialismo em um país” foi a causa de desastrosas derrotas para a classe trabalhadora internacional, culminando na destruição do Partido Comunista Chinês em 1927.

Trotsky e todos aqueles que defendiam a perspectiva da revolução socialista mundial foram primeiro expulsos dos partidos comunistas, depois aprisionados, enviados ao exílio e finalmente dezenas de milhares foram assassinados durante o Grande Terror de 1937-38. Trotsky foi assassinado em agosto de 1940 por um agente da polícia secreta stalinista.

A Quarta Internacional

Até 1933, Trotsky e a Oposição Internacional de Esquerda tentaram corrigir as políticas da Internacional Comunista. Mas depois de o Partido Comunista Alemão, sob a influência de Stalin, ter se recusado a formar uma frente única com os socialdemocratas contra os nazistas e assim ter aberto caminho para Hitler chegar ao poder, e depois de nenhuma seção da Internacional Comunista ter protestado contra isso, Trotsky chamou a construção da Quarta Internacional.

O programa da Quarta Internacional foi baseado nos primeiros quatro congressos da Terceira Internacional. Durante um período em que o mundo foi mergulhado na barbárie, no fascismo e na guerra, a Quarta Internacional manteve a continuidade do marxismo e preparou uma nova época de lutas revolucionárias. Mas ela não apenas continuou o trabalho de sua antecessora. Por um lado, as contradições sociais tinham se acentuado ainda mais desde a fundação da Terceira Internacional. O mundo estava à beira da Segunda Guerra Mundial, e Trotsky se referiu a esse período como a “agonia mortal do capitalismo”. Por outro lado, a resolução da crise da liderança proletária foi dificultada pela ascensão do stalinismo.

Depois da catástrofe alemã, a Internacional Comunista emergiu como uma força abertamente contrarrevolucionária. Com o programa da “frente popular”, formou alianças com partidos burgueses e suprimiu todos os esforços revolucionários da classe trabalhadora que procurava desafiar o domínio burguês. Na França, a frente popular reprimiu a greve geral de 1936, abrindo caminho para o marechal Petain, que estabeleceu um regime autoritário nazista quatro anos depois. Na Espanha, a polícia secreta soviética assassinou combatentes revolucionários das linhas de frente da guerra civil, possibilitando a vitória do fascista Franco. Na União Soviética, o regime stalinista exterminou virtualmente toda a liderança da Revolução de Outubro com os Julgamentos de Moscou. Stalin finalmente dissolveu a Internacional Comunista em 1943, pois ela tinha se tornado um obstáculo à sua aliança com os imperialismos estadunidense e britânico.

Leon Trotsky no México

Desde 1939, a Quarta Internacional também teve que combater as tendências oportunistas em suas próprias fileiras que, sob a pressão da guerra e do fascismo, se adaptaram ao “imperialismo democrático” ou ao stalinismo. Essa pressão se intensificou após a Segunda Guerra Mundial, quando o papel contrarrevolucionário do stalinismo e o vasto poder econômico do imperialismo dos EUA garantiram espaço para o capitalismo.

O Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI) foi fundado em 1953 para impedir a dissolução da Quarta Internacional na burocracia stalinista e em vários movimentos de libertação nacionalistas burgueses, que foi defendida por uma tendência revisionista liderada por Michel Pablo e Ernest Mandel. Desde então, o CIQI tem defendido implacavelmente a perspectiva da revolução socialista mundial sob condições extremamente difíceis contra várias tendências oportunistas que desonestamente procuraram se apresentar como trotskistas no período do pós-guerra.

Essa luta atingiu seu ápice em 1985. No conflito com os renegados do Workers Revolutionary Party(Partido Revolucionário Operário) da Grã-Bretanha, o CIQI confirmou sua continuidade com toda a história da Quarta Internacional e as lutas travadas contra o stalinismo, o nacionalismo burguês e o oportunismo pequeno-burguês.

Em um documento de perspectivas de 1988 que recapitulou o significado de sua história, o Comitê Internacional apontou para a globalização da produção, o surgimento das corporações transnacionais e o impacto que isso teria na revolução socialista. O CIQI previu que a próxima etapa da luta de classes seria caracterizada por uma internacionalização sem precedentes, tornando a luta de classes não apenas internacional em seu conteúdo, mas também em sua forma. A partir dessa avaliação, o CIQI formou suas seções nacionais, os Partidos Socialistas pela Igualdade, e criou o World Socialist Web Site, um órgão internacional publicado em 20 idiomas, que é lido em todo o mundo e oferece orientação política aos trabalhadores diariamente.

Enquanto as numerosas tendências da pseudo-esquerda se integraram nas burocracias e no aparato estatal, apoiaram os governos burgueses e as guerras imperialistas, o CIQI é a única tendência hoje que defende um programa socialista e internacionalista baseado nas tradições dos quatro primeiros congressos da Terceira Internacional e da Quarta Internacional.

Cem anos após a fundação da Terceira Internacional, nenhuma das contradições que tornaram o século XX o mais violento na história humana foi resolvida. Enorme desigualdade social, agudas crises econômicas globais, a subordinação de países inteiros às potências imperialistas, o colapso da democracia parlamentar, a ascensão de movimentos fascistas, os amargos conflitos entre as grandes potências e o perigo imediato da guerra mundial ameaçam a humanidade mais uma vez .

Após décadas em que a luta de classes foi suprimida pelas organizações burocráticas, a classe trabalhadora está novamente entrando em movimento e começando a lutar por suas próprias exigências independentes. A erupção das lutas sociais em massa na França, na Argélia, nos EUA e em vários outros países marca o início de um novo período revolucionário.

A classe trabalhadora enfrenta as mesmas tarefas que a Terceira Internacional procurou resolver um século atrás: derrubar o capitalismo, superar o sistema de Estado-nação e reorganizar os vastos recursos da economia mundial em função do interesse da sociedade como um todo, não do impulso pelo lucro de uma pequena minoria rica. Os pré-requisitos objetivos para a resolução dessas tarefas existem. As fileiras da classe trabalhadora são muitas vezes maiores, a economia mundial é muito mais integrada e os recursos técnicos são muito mais desenvolvidos do que há um século.

Tudo depende agora da construção de uma liderança revolucionária capaz de levar adiante essas tarefas. Por causa de sua história, tradições e programa, essa liderança é o Comitê Internacional da Quarta Internacional e suas seções, os Partidos Socialistas pela Igualdade.

Loading