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Google admite censura ao World Socialist Web Site

Publicado originalmente em 4 de novembro de 2020

Em uma audiência no Senado em 28 de outubro, Sundar Pichai, o CEO da empresa controladora do Google, Alphabet, admitiu que a gigante de busca online censurou o World Socialist Web Site.

Na audiência da Comissão de Comércio do Senado, quando solicitado pelo senador Republicano Mike Lee, de Utah, para fornecer o nome de uma “pessoa ou organização de destaque” de esquerda que tenha sido censurada pelo Google, Pichai citou o WSWS.

A audiência – que contou com o depoimento dos CEOs de três das maiores das empresas de tecnologia – Pichai (Google), Mark Zuckerberg (Facebook) e Jack Dorsey (Twitter) – foi convocada pela comissão controlada pelo Partido Republicano com o objetivo de promover sua alegação completamente falsa de que somente publicações de direita e conservadoras foram censuradas pelas corporações de internet e de redes sociais antes das eleições de 2020.

Durante o tempo que lhe foi concedido para os questionamentos, o Senador Lee perguntou aos três executivos: “Acho que a tendência é clara: quase sempre você censura – quer dizer bloqueia conteúdo, verifica ou rotula conteúdo ou desmonetiza sites – de indivíduos ou grupos ou empresas conservadores, republicanos ou pró-vida... Você pode nomear para mim uma pessoa ou organização de destaque de uma ideologia liberal que você tenha censurado e que ação particular você tomou?”

O CEO do Google Sundar Pichai fala em audiência remota diante do Comitê de Comércio do Senado, em Washington, no dia 28 de outubro de 2020. (Crédito: Michael Reynolds/Pool via AP)

Enquanto Dorsey e Zuckerberg se recusaram a dar nomes – alegando que forneceriam posteriormente uma lista –, quando Lee perguntou a Pichai, o executivo do Google respondeu que “temos políticas de moderação que aplicamos igualmente... Temos tido problemas de conformidade com o World Socialist Review [sic], que é uma publicação de esquerda.”

Embora Pichai tenha falado “World Socialist Review”, um boletim impresso que deixou de ser publicado em 2011, é claro que estava se referindo ao World Socialist Web Site. De fato, uma busca no Google por “World Socialist Review” leva ao WSWS em seus dois primeiros resultados.

Pichai não explicou o que quis dizer com “problemas de conformidade”, mas sua resposta ao Senador Lee foi absolutamente clara. Ele estava dizendo que o Google de fato toma medidas para censurar as publicações de esquerda e socialistas, e um exemplo é a censura ao World Socialist Web Site.

A extraordinária admissão de Pichai de que o Google tem suprimido o conteúdo do WSWS é uma confirmação da campanha lançada pelo Comitê Internacional da Quarta Internacional contra a censura online desde abril de 2017.

Nesse mês, após o Google implementar um novo algoritmo de busca, o WSWS informou que o acesso ao seu conteúdo e o de outros sites de esquerda, antiguerra e progressistas estava sendo intensamente censurado. Em um artigo publicado em 2 de agosto, o WSWS publicou dados que mostraram que o tráfego para 13 sites havia sido reduzido pelo Google entre 19% e 67%. Os dados mostraram que “o World Socialist Web Site foi o mais duramente afetado. Seu tráfego de buscas no Google diminuiu dois terços.”

O WSWS caracterizou a modificação do algoritmo de busca do Google como “uma conspiração corporativa-estatal para reduzir drasticamente os direitos democráticos” e depois exigiu “uma ampla colaboração entre os sites socialistas, de esquerda e progressistas para alertar o público e os setores mais amplos da classe trabalhadora”.

A análise foi então seguida em 25 de agosto de 2017 de uma carta aberta de David North, presidente do Conselho Editorial Internacional do WSWS, à diretoria-executiva do Google e da Alphabet exigindo o fim da censura na Internet. A carta pedia ao Google que “tirasse o WSWS da lista negra e renunciasse à censura de todos os sites de esquerda, socialistas, antiguerra e progressistas que foram afetados desfavoravelmente por suas novas políticas discriminatórias de busca”.

A carta aberta afirmava ainda que a censura ao WSWS “reflete o medo de que uma perspectiva genuinamente socialista, se puder ser escutada com imparcialidade, encontre um público enorme nos EUA e internacionalmente. Há uma ampla oposição popular aos seus esforços para suprimir a liberdade de expressão e de pensamento.”

Como parte desta campanha, o WSWS compartilhou uma petição online que conseguiu milhares de assinaturas de leitores em 70 países e em cinco continentes.

Embora o Google nunca tenha respondido oficialmente à carta aberta, o New York Times publicou em 26 de setembro de 2017 um artigo de Daisuke Wakabayashi com uma entrevista com David North que discutia a campanha do WSWS. Em um artigo posterior, o Times tentou desacreditar as alegações do WSWS de que o Google estava envolvido em censura.

Em novembro de 2019, o Wall Street Journal confirmou a posição do WSWS de que o Google estava manipulando seu algoritmo de busca para suprimir o conteúdo de seu mecanismo de busca. O Wall Street Journal escreveu: “Apesar de negar publicamente fazê-lo, o Google mantém listas negras para remover certos sites ou impedir que outros apareçam em certos tipos de resultados”.

Em 20 de janeiro de 2020, o WSWS publicou um artigo intitulado “Google suprime conteúdo do World Socialist Web Site em seus resultados de busca para o Projeto 1619 do New York Times”. Esse artigo mostrou – através de análise independente de dados – que o material confiável e amplamente lido publicado pelo WSWS sobre a falsificação histórica chamada “O Projeto 1619” estava sendo suprimido dos resultados de busca do Google.

Com essa recente declaração, é a segunda vez que Pichai erra o nome do World Socialist Web Site em depoimento ao Congresso. Em uma audiência da Comissão do Judiciário da Câmara em 29 de julho intitulada “Examinando o Domínio da Amazon, Apple, Facebook e Google”, Pichai respondeu de maneira semelhante a uma pergunta do Deputado Republicano Greg Steube.

Quando Steube alegou que os algoritmos do Google estavam censurando exclusivamente opiniões políticas conservadoras online, Pichai disse: “Nós recebemos reclamações de todos os lados. Por exemplo, o World Socialist Review [sic] reclamou, em janeiro deste ano, que seu site não foi encontrado nos resultados de busca do Google. Portanto, recebemos reclamações, investigamos, mas abordamos nosso trabalho de forma não partidária, e é de nosso interesse a longo prazo servir os usuários em todo o país.”

Embora não tenha explicado, a declaração de Pichai diante da Comissão da Câmara foi claramente uma referência à alegação do WSWS em janeiro de que o conteúdo sobre “O Projeto 1619” estava sendo suprimido.

Esta admissão pública foi seguida por uma segunda carta aberta de 31 de julho do Presidente do Conselho Editorial do WSWS, David North, a Pichai. A carta aberta afirmava: “O fato de você se referir especificamente à denúncia do WSWS em seu depoimento à Câmara revela a seriedade com que o assunto foi tratado. Você, o CEO da empresa controladora do Google, Alphabet, foi informado sobre a denúncia. Seis meses depois que o artigo foi publicado, ele continuou presente em sua memória.”

David North então perguntou: “por que o World Socialist Web Site nunca foi informado de que sua denúncia de censura estava sendo discutida pela diretoria da Alphabet/Google, ou que uma investigação estava sendo realizada sobre nossa denúncia?” Nem Pichai nem ninguém da diretoria do Google respondeu a essa pergunta ou à carta aberta.

É muito significativo que – depois de mais de três anos de obstrução e recusando-se a responder a qualquer pergunta ou responder a uma única solicitação – Pichai tenha admitido que a empresa de tecnologia que controla quase 90% do tráfego mundial de busca tem suprimido o conteúdo do WSWS o tempo todo.

Por que o WSWS está sendo censurado pelo Google? Porque o WSWS é a única fonte online do marxismo genuíno e do internacionalismo socialista que representa a independência política da classe trabalhadora e luta para pôr fim ao sistema capitalista em escala mundial. À medida que as lutas da classe trabalhadora se intensificam em meio à crise provocada pela pandemia do coronavírus, o recente relançamento do WSWS está se tornando cada vez mais o centro da educação política, teórica e cultural socialista para as massas de trabalhadores e jovens em todo o mundo.

Considerando a colaboração da Alphabet e do Google com a inteligência dos EUA, a declaração de Pichai deve ser entendida como uma mensagem para o establishment político americano – que não o questionou mais sobre o assunto – de que a censura ao WSWS continuará e será intensificada no próximo período.

Junto com a luta pela liberdade do editor do WikiLeaks Julian Assange, a exigência do fim da censura online e a defesa da liberdade de expressão na internet são direitos democráticos fundamentais que devem ser assumidos pela classe trabalhadora internacional.

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