Publicado originalmente em 18 de maio de 2024
Em 25 de abril de 2024, Bogdan Syrotiuk, líder de 25 anos da Jovem Guarda dos Bolcheviques-Leninistas (JGBL), uma organização socialista-trotskista ativa na Ucrânia, Rússia e por toda a ex-URSS, foi preso pelo infame serviço de segurança de Estado do regime fascistoide de Zelensky, o SBU. Bogdan está sendo mantido em condições atrozes em uma prisão de alta segurança na cidade de Mykolaiv, localizada no sul da Ucrânia.
O Comitê Internacional da Quarta Internacional (CIQI), o movimento trotskista mundial ao qual a JGBL é politicamente afiliada, finalmente teve acesso aos documentos nos quais o SBU apresenta suas acusações contra Bogdan Syrotiuk. Esses documentos, que dão base à sua detenção, deixam absolutamente claro que Bogdan é vítima de uma monstruosa armação do Estado. As alegações inventadas pelo SBU são uma combinação grosseira de mentiras, claras fabricações e absurdos políticos.
Além disso, os documentos apresentados pelo SBU não são direcionados apenas contra Bogdan. Eles são nada menos que uma declaração de guerra contra toda a oposição socialista e de esquerda ao regime de Zelensky e, especificamente, contra o Comitê Internacional da Quarta Internacional e seu órgão público, o World Socialist Web Site.
A alegação central feita contra Bogdan Syrotiuk é que ele é culpado de alta traição. A base dessa acusação é que Bogdan esteve, nos últimos dois anos, “envolvido na preparação de publicações comissionadas por representantes de uma agência russa de propaganda e informação, o World Socialist Web Site” [ênfase adicionada].
O World Socialist Web Site é denunciado como um instrumento de “guerra de informação ativa contra a Ucrânia” que está sendo travada pela Rússia, que
usa os chamados propagandistas de “esquerda” e suas plataformas de informação (sites, mídia e plataformas sociais) para desacreditar o apoio à Ucrânia por parceiros internacionais, justificar a agressão armada da Rússia contra a Ucrânia, acusando os países ocidentais de criar condições sob as quais a Rússia foi forçada a lançar a chamada operação militar especial, fomentando guerras na Ucrânia fornecendo-lhe armas, etc. Como resultado, eles são usados pela Rússia para transmitir sistematicamente narrativas pró-Kremlin para a população da Ucrânia e dos países aliados da Ucrânia...
Desde o início da invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia, o World Socialist Web Site “WSWS” tem publicado regularmente artigos em vários idiomas com o objetivo de desacreditar a Ucrânia e os representantes de governos de todo o mundo por ajudarem a Ucrânia em sua luta contra o Estado agressor.
A oposição do CIQI à guerra dos EUA-OTAN na Ucrânia é um elemento essencial de seu programa político, fundamentado firmemente nos princípios socialistas e internacionalistas do movimento trotskista. A tentativa do regime ucraniano de retratar essa oposição como um instrumento da rede de propaganda de Putin é tão mentirosa quanto é politicamente absurda. A oposição intransigente do Comitê Internacional da Quarta Internacional ao regime de Putin – que surgiu como consequência da traição final da burocracia stalinista ao socialismo e à restauração do capitalismo na antiga URSS – é um fato político básico que é substanciado não apenas por centenas textos escritos, como pela atividade exaustivamente documentada do movimento trotskista ao longo de décadas.
Fiel ao seu caráter fascista, o regime ucraniano está operando com base no conhecido preceito de Hitler e seu ministro da propaganda, Joseph Goebbels: “Quanto maior a mentira, mais prontamente ela será acreditada”.
Nesse caso em particular, o regime de Zelensky parece acreditar que a escala das mentiras da SBU é de tal magnitude que irá simplesmente paralisar o público pensante. Assim, ele espera que a opinião pública aceite que o regime de Putin está dirigindo o trabalho do WSWS, que a acusação da SBU descreve como
uma publicação online do movimento trotskista mundial, o Comitê Internacional da Quarta Internacional e suas seções afiliadas, os Partidos Socialistas pela Igualdade em todo o mundo, que cobre os principais problemas sociopolíticos mundiais a partir da posição de oposição revolucionária ao sistema de mercado capitalista, com o objetivo de estabelecer o socialismo mundial por meio da revolução socialista.
Em nenhum momento o SBU tenta explicar a contradição que destrói seu caso contra Bogdan, ou seja, que os princípios políticos que ele defende como opositor socialista e internacionalista das guerras travadas pela classe dominante capitalista são irreconciliavelmente hostis às políticas do regime de Putin, incluindo a invasão da Ucrânia.
Ele tenta se esquivar da contradição simplesmente mentindo. A acusação afirma que as atividades de Bogdan, “agindo sob as instruções de um representante do World Socialist Web Site”, consistiam em “apoiar e justificar a condução da guerra agressiva russa no território da Ucrânia…”.
Cada palavra é uma mentira. A oposição do CIQI, de suas organizações afiliadas e do WSWS à invasão russa, em linha com sua hostilidade ao regime de Putin, é um fato político documentado em centenas de artigos publicados desde o primeiro dia da invasão.
Em 24 de fevereiro de 2022, o dia da invasão russa, o CIQI publicou uma declaração no WSWS intitulada: “Não à invasão da Ucrânia pelo governo Putin e à guerra instigada pelos EUA/OTAN! Pela unidade dos trabalhadores russos e ucranianos!”. Ela começava:
O Comitê Internacional da Quarta Internacional e o World Socialist Web Site denunciam a intervenção militar russa na Ucrânia. Apesar das provocações e ameaças dos EUA e das potências da OTAN, a invasão russa da Ucrânia deve ser combatida pelos socialistas e trabalhadores com consciência de classe. É impossível desviar da catástrofe desencadeada pela dissolução da União Soviética em 1991 através do nacionalismo russo, uma ideologia completamente reacionária que serve aos interesses da classe dominante capitalista representada por Vladimir Putin.
O que é necessário não é um retorno à política externa czarista anterior a 1917, mas um renascimento, na Rússia e em todo o mundo, do internacionalismo socialista que inspirou a Revolução de Outubro de 1917 e levou à criação da União Soviética como um Estado operário. A invasão da Ucrânia, quaisquer que sejam as justificativas dadas pelo regime de Putin, servirá apenas para dividir a classe trabalhadora russa e ucraniana e, além disso, servirá aos interesses do imperialismo americano e europeu.
Nas duas principais declarações que fez durante a semana passada, Putin justificou suas ações enumerando as provocações e crimes dos Estados Unidos. Há, sem dúvida, grande parte de verdade factual em sua denúncia da hipocrisia de Washington. Mas a ideologia ferozmente anticomunista e xenófoba que ele invoca e os interesses que afirma estar defendendo são totalmente reacionários e incapazes de apelar para as amplas massas da classe trabalhadora na Rússia, muito menos na Ucrânia e em todo o mundo. Uma parte substancial da classe trabalhadora na Rússia e na Ucrânia repudiará o cinismo de Putin ao glorificar a heroica luta travada pela União Soviética contra a Alemanha nazista na Segunda Guerra Mundial ao mesmo tempo que denuncia a Revolução de Outubro e a existência da URSS como um Estado plurinacional.
O CIQI insistiu que a oposição socialista ao imperialismo era incompatível com qualquer forma de chauvinismo nacional e, portanto, rejeitou todas as justificativas dadas pelo regime de Putin e seus apologistas para a invasão. Sua invocação da “defesa nacional” não poderia ter sido aceita pelos socialistas. A derrota do imperialismo e sua derrubada só seriam possíveis por meio da luta revolucionária da classe trabalhadora internacional. A declaração do CIQI citava as palavras de Trotsky: “Não se curvar ao Estado nacional em tempos de guerra, seguir não o mapa da guerra, mas o mapa da luta de classes, só é possível para aquele partido que já declarou guerra irreconciliável ao Estado nacional em tempos de paz”.
O CIQI exigiu “um fim imediato para a guerra” e explicou: “Ao nos opormos à invasão da Ucrânia, denunciamos as políticas do imperialismo dos EUA/OTAN, cujas alegações de defender a democracia e os direitos humanos estão banhadas de sangue e hipocrisia”.
Essa declaração política elaborou os princípios e a política que tem orientado o trabalho do CIQI e do WSWS desde o início da guerra.
Em 26 de fevereiro de 2022, o Comitê Internacional realizou um webinário online internacional, no qual sua oposição à guerra foi enfaticamente defendida. Entre os oradores, além de mim, estavam Nick Beams, dirigente de longa data da seção australiana do Comitê Internacional, Johannes Stern, dirigente do CIQI na Alemanha, Thomas Scripps, dirigente da seção do CIQI no Reino Unido, Joseph Kishore, secretário nacional do Partido Socialista pela Igualdade nos Estados Unidos, e Evan Blake, outro dirigente importante do PSI (EUA).
O CIQI jamais tergiversou em sua oposição de princípio às políticas da OTAN e da Rússia que defendeu nos primeiros dias da guerra.
O estabelecimento das relações entre o CIQI e os camaradas da JGBL coincidiu quase exatamente com o início da guerra. Eles foram atraídos ao CIQI justamente por sua oposição à guerra e ao chauvinismo nacional dos regimes russo e ucraniano.
O documento do SBU acusa o World Socialist Web Site de ter atribuído a Bogdan “a tarefa de preparar, escrever, editar e publicar ... tanto no site do WSWS quanto em outras mídias de orientação comunista, artigos, publicações, comentários, etc., com o objetivo de divulgar narrativas pró-russas relacionadas à agressão armada da Federação Russa contra a Ucrânia, que começou em 24 de fevereiro de 2022, ao que [Bogdan Syrotiuk] consentiu voluntariamente”.
Para sustentar essa alegação, o SBU faz referência a uma declaração da JGBL intitulada “Pela organização de um movimento internacional de trabalhadores e jovens contra a guerra!” Ele alega que esse documento, publicado no World Socialist Web Site em 12 de outubro de 2022, inclui “fragmentos, declarações, sentenças e frases... que contêm justificativas para a agressão armada da Federação Russa, que começou em 2014...”
O documento real expõe claramente que essa afirmação é uma mentira. Não há uma única frase na declaração da JGBL que indique apoio à invasão da Ucrânia. O SBU cita seletivamente o documento, incluindo passagens apenas dos parágrafos numerados 4, 7, 8, 10 e 13. Os parágrafos 4 a 8 – o SBU interrompe a continuidade da análise do JGBL, deixando de fora os parágrafos 5 e 6 – fornecem uma explicação marxista concisa da crise capitalista objetiva e dos objetivos políticos por trás da decisão dos Estados Unidos e seus aliados da OTAN de instigar a guerra. Eles afirmam:
4. A nova ordem mundial que os Estados Unidos querem estabelecer assemelha-se a esta imagem bastante possível: Rússia e China devem ser subordinadas ao imperialismo e repartidas, se for necessário para manter o controle direto sobre seus recursos naturais, industriais, tecnológicos e humanos.
5. As potências imperialistas europeias apoiam os Estados Unidos buscando seu próprio lugar na nova redivisão do mundo. Ao mesmo tempo, o imperialismo europeu, enquanto permanece sob restrições dos Estados Unidos, vê uma saída para sua situação econômica e geopolítica somente através de uma redivisão do mundo na qual consiga recuperar sua antiga grandeza.
6. O Japão, a Coreia do Sul e a Austrália apoiam os EUA somente na medida em que beneficia seus interesses na luta contra a China na região do Pacífico. Esses países apoiarão os EUA enquanto isso lhes permitir competir com a China. O processo de divisão das esferas de influência reavivará as contradições entre as potências capitalistas do Pacífico, que estão tão no limbo quanto a Europa.
7. A crise de 2008 reavivou as lutas de classe em todo o mundo. A Primavera Árabe do início da década de 2010 é uma evidência vibrante desse ressurgimento. Ela forçou o imperialismo americano e o europeu a tomarem medidas mais decisivas. Em 2014, eles apoiaram um golpe de Estado na Ucrânia. Com esse golpe, os EUA conseguiram criar todas as condições para construir um posto avançado para uma futura guerra contra a Rússia.
8. A pandemia de COVID-19 que eclodiu em 2020 exacerbou as contradições do capitalismo e foi o gatilho para uma expansão mais rápida do imperialismo dos EUA em preparação para a guerra contra a Rússia e a China. Os EUA embarcaram em um caminho mais provocativo de abandonar a política de “uma só China” e aumentar seu apoio à Ucrânia, conforme expresso na cúpula da OTAN em agosto de 2021, que apoiou a “plataforma da Crimeia” de Zelensky.
Significativamente, o SBU deixa de fora o parágrafo 9 da declaração da JGBL, que faz uma acusação contundente do regime de Putin. O parágrafo afirma o seguinte:
O regime reacionário de Vladimir Putin surgiu da dissolução traidora da União Soviética pela burocracia stalinista e da restauração do capitalismo. As políticas de Putin, em última análise, têm como objetivo proteger a riqueza da oligarquia pós-soviética contra a pressão do imperialismo ocidental vinda de cima, ainda mais importante, contra o movimento da classe trabalhadora russa vindo de baixo.
O SBU faz menção ao parágrafo 10, que continua a crítica ao regime de Putin, afirmando
Dentro desse contexto geopolítico e social, a invasão aventureira de Putin à Ucrânia em 24 de fevereiro foi a resposta da oligarquia russa à expansão implacável da OTAN para o leste. O principal objetivo do regime de Putin era conseguir, por meio da pressão de sua “Operação Especial”, uma nova rodada de negociações com os EUA e a OTAN, já que a última rodada acabou numa ultrapassagem das “linhas vermelhas” por parte dos EUA e da OTAN, o que causou a invasão de Putin [ênfase adicionada].
A caracterização da invasão de Putin como “aventureira” não é de forma alguma compatível com o que o SBU afirma ser uma “narrativa pró-Rússia”. Obviamente reconhecendo a fragilidade de sua tentativa de retratar a declaração da JGBL como propaganda pró-Putin, o SBU decidiu não fazer mais citações do documento, deixando de fora o desenvolvimento da denúncia da JGBL às políticas de Putin nos parágrafos 11 e 12, que afirmam
11. O anseio da burguesia russa por uma “parceria igualitária” com o Ocidente foi um de seus delírios mais utópicos. Esse delírio, que deriva historicamente das políticas de Stalin, primeiro das “Frentes Populares” e, depois, da “coexistência pacífica”, prosperou entre a classe capitalista russa incipiente na década de 1990.
12. O regime de Putin não se livrou desse delírio utópico. Toda sua política se resume a manobrar e buscar um acordo com o Ocidente, com quem a oligarquia russa queria estar “em pé de igualdade”. Entretanto, o imperialismo ocidental, com suas ambições de conquista da Rússia, não deu a menor importância ao tom conciliatório do regime de Putin.
O SBU também optou por não citar o parágrafo 17 da declaração da JGBL, que declara:
O curso da guerra após a invasão da Ucrânia por Putin reforça cada vez mais a natureza reacionária dessa invasão. Embora afirme estar lutando pela independência do povo russo contra a ameaça do imperialismo ocidental, Putin está, na verdade, apenas defendendo a independência da oligarquia russa para explorar a classe trabalhadora russa e a riqueza das matérias-primas do país.
O parágrafo 18, que também não foi citado, destrói ainda mais a acusação do SBU contra Bogdan, a JGBL e o WSWS como instrumentos de propaganda russa. O parágrafo afirma que
o regime de Putin não tem saída para a atual crise da sociedade russa. Ele não obterá essa saída no futuro. Todas as atividades militares e políticas do regime de Putin só contribuirão para a escalada do imperialismo ocidental e para a deterioração das condições da classe trabalhadora russa, ucraniana e internacional.
O SBU também não citou os parágrafos 19 e 20, que advertiam de forma presciente à catástrofe que a guerra poderia provocar.
19. As perspectivas para a guerra atual, quando consideradas dentro da estrutura do sistema capitalista, são extremamente sombrias. Em primeiro lugar, essa guerra assumirá um caráter de longo prazo e não será travada apenas entre a Ucrânia e a Rússia. Ela é o primeiro passo para inflamar a situação mundial a ponto de a ameaça de uma terceira guerra mundial ser simplesmente inevitável. Todos os países do mundo participarão da futura guerra.
20. Em segundo lugar, a natureza da guerra será determinada pelas políticas das classes dominantes, cuja orientação atual é explicitamente contrária à humanidade. As classes dominantes estão se movendo de forma imprudente em direção ao uso de armas nucleares no conflito, criando assim a possibilidade real de um Armagedom nuclear. O espectro da destruição planetária surge das políticas insanas dos governos imperialistas e capitalistas. A imprudência da elite capitalista no poder obriga os jovens a se perguntarem se terão algum futuro.
O SBU cita especificamente esse documento como prova das atividades de traição de Bogdan Syrotiuk. Mas o texto desse documento refuta de forma conclusiva a acusação de que Bogdan e a JGBL estão promovendo uma narrativa pró-Putin.
Além disso, o que é mais decisivo, o regime ucraniano não apresenta uma mínima evidência para comprovar sua afirmação absurda e mentirosa de que o World Socialist Web Site é uma “agência russa de propaganda e informação”. Com essa calúnia sórdida, o regime de Zelensky deixa escapar as marcas – apesar da guerra em andamento com a Rússia – da influência persistente do ódio mortal do stalinismo contra o trotskismo. Como na Rússia, a transferência de poder na Ucrânia dos burocratas stalinistas para os oligarcas capitalistas não exigiu nenhuma mudança na metodologia da polícia política. As mesmas técnicas de fabricação e calúnia, utilizadas pelo regime stalinista contra os trotskistas na época dos Processos de Moscou e do terror de 1936-39, continuam operantes em Kiev.
Bogdan Syrotiuk é acusado de traição e enfrenta a ameaça de uma pena de prisão perpétua, que equivale a uma sentença de morte. Mas as alegações contra Bogdan baseiam-se inteiramente em artigos e discursos que ele publicou no World Socialist Web Site, nos quais declarou sua oposição, como internacionalista socialista, aos regimes capitalistas de Zelensky e Putin e à guerra em andamento que custou centenas de milhares de vidas ucranianas e russas.
O SBU acusa Bogdan por apresentar em seus discursos e escritos publicados no World Socialist Web Site “que são acessíveis a todos no mundo, incluindo cidadãos da Ucrânia” informações que expõem o caráter reacionário do regime ucraniano e da guerra.
O SBU declara que as “ações criminosas de Bogdan foram interrompidas somente com a intervenção de uma agência de manutenção da ordem”. Mas que autoexposição devastadora das alegações de que a guerra por procuração dos EUA-OTAN está sendo travada em defesa da democracia na Ucrânia.
A realidade é que a Ucrânia é uma ditadura fascistoide, que aplica métodos policiais para impedir a expressão da oposição popular às políticas que trouxeram sofrimento e morte incalculáveis ao povo.
A prisão de Bogdan Syrotiuk ocorre precisamente em um momento de crescente oposição popular ao regime de Zelensky. Em 18 de maio, entra em vigor uma nova lei de mobilização, extremamente impopular, que expandirá enormemente a rede de recrutamento dos militares ucranianos. Até mesmo o New York Times expressou dúvidas sobre a capacidade de Zelensky de “encontrar novas tropas para aliviar uma força cansada e muitas vezes desmoralizada”.
Em um artigo publicado no World Socialist Web Site em 30 de abril, Maxim Goldarb, um socialista ucraniano perseguido pelo regime de Zelensky, relatou: “Cada vez mais homens ucranianos tentam desesperadamente fugir do país, não querendo morrer pelos propósitos egoístas de outra pessoa”.
Ele acrescentou:
Não é a minoria rica, mas a maioria pobre – desempregados, trabalhadores, camponeses, professores, médicos, funcionários de escritório – que será enviada para o moedor de carne. Agora, com a adoção da nova lei, o número de homens privados de direitos humanos básicos, que serão capturados e caçados como animais e enviados para a frente de batalha, aumentará muitas vezes.
Os lucros daqueles que se beneficiam dessa guerra também aumentarão muitas vezes... Esses enormes lucros serão divididos entre o complexo militar-industrial, seus lobistas no establishment americano e europeu e a cúpula oligárquica ucraniana.
A vida de Bogdan Syrotiuk está em perigo. No ambiente de terror que existe na Ucrânia, ele está privado de todos os meios para se defender. Os esforços para obter representação legal competente foram minados por ameaças do governo contra advogados de defesa. Nada menos que cinco advogados se recusaram a representar Bogdan porque isso os exporia a um perigo físico significativo.
A importância da luta para defender Bogdan e garantir sua liberdade vai além da Ucrânia. Seu encarceramento é mais um exemplo do crescente ataque internacional aos direitos democráticos à medida que o imperialismo intensifica suas operações militares em todo o mundo. A conspiração política para destruir Julian Assange colocou em movimento um processo que se reproduz em todo o mundo.
Aqueles que se opõem e expõem os crimes dos regimes imperialistas são alvos de perseguição por parte do Estado. Os ataques aos direitos democráticos básicos – em primeiro lugar, a liberdade de pensamento e de expressão – são sempre justificados com base em mentiras.
Os opositores da guerra genocida de Israel contra a população de Gaza são denunciados como antissemitas, mesmo quando os manifestantes são judeus. Na denúncia de Bogdan Syrotiuk como agente da Rússia por se opor à guerra por procuração na Ucrânia, o mesmo método mentiroso está em ação.
A verdadeira razão para a prisão e perseguição de Bogdan Syrotiuk é que ele está lutando pela unidade da classe trabalhadora ucraniana, russa e internacional contra as elites capitalistas dominantes de todos os países. Como o camarada Andrei Ritsky, da seção russa da Jovem Guarda dos Bolcheviques-Leninistas, explicou de forma tão eloquente em um discurso proferido na celebração do Primeiro de Maio de 2024 realizada pelo Comitê Internacional:
O único “crime” que Bogdan cometeu foi sua convicção de que a Ucrânia só pode se tornar verdadeiramente livre por meio da luta independente da classe trabalhadora ucraniana, agindo em conjunto com a classe trabalhadora internacional contra o imperialismo e a guerra. Ele defendeu uma posição política baseada em princípios e em uma compreensão marxista da guerra, opondo-se à adoração fanática do nacionalismo ucraniano e ao nacionalismo russo reacionário do regime de Putin. Como todo o nosso movimento, ele lutou pela unificação dos trabalhadores da Rússia e da Ucrânia com os trabalhadores dos países imperialistas para pôr fim a uma guerra fratricida que custou a vida de pelo menos meio milhão de ucranianos e dezenas de milhares de russos.
Ele concluiu suas observações com uma declaração da perspectiva fundamental que dá base ao trabalho da Quarta Internacional:
Nenhum regime burguês é capaz de resolver a crise de outra forma que não por meio da guerra e da destruição, porque qualquer outra maneira seria contrária a seus interesses capitalistas fundamentais. As contradições do capitalismo não podem ser resolvidas dentro das fronteiras nacionais e com base na defesa da propriedade privada. Somente a classe trabalhadora internacional, armada com o programa da revolução socialista mundial, será capaz de pôr fim às guerras e resolver a crise fundamental. Para alcançar isso, no entanto, ela precisa lutar para forjar sua unidade com seus irmãos e irmãs em todo o mundo.
O Comitê Internacional da Quarta Internacional convoca uma campanha global para exigir a libertação imediata de Bogdan Syrotiuk. A luta pela liberdade de Bogdan deve ser assumida por trabalhadores, estudantes e todos aqueles comprometidos com a defesa dos direitos democráticos e que se opõem à escalada das guerras imperialistas que, se não forem interrompidas, ameaçam a humanidade com uma catástrofe nuclear.
Participe da luta pela libertação de Bogdan. Divulgue esta declaração o mais amplamente possível nas redes sociais. Chame a atenção de colegas de trabalho, colegas estudantes e amigos para este caso. Para assinar a petição exigindo a libertação de Bogdan, contribuir com fundos para a campanha de defesa e participar ativamente na luta por sua liberdade, acesse wsws.org/freebogdan.