Publicado originalmente em 27 de julho de 2024
Na sexta-feira, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) dos EUA atualizaram seu monitoramento da COVID-19 pelas águas do esgoto, indicando que a nona onda de infecção em massa continua nos Estados Unidos. O Centro-Oeste e o Sul registraram o maior crescimento na transmissão, enquanto o Oeste diminuiu ligeiramente, mas ainda tem os níveis mais altos de COVID-19 de todas as regiões americanas.
Usando esses dados, o cientista JP Weiland, especialista em modelagem de doenças infecciosas, estima que 760.000 americanos estão contraindo COVID-19 todos os dias. Ele alertou que a nova variante KP.3.1.1 está em ascensão e se tornará dominante dentro de duas semanas, provavelmente aumentando ainda mais a transmissão e criando potencialmente a maior onda de infecções durante o verão nos EUA de toda a pandemia.
Com base na estimativa conservadora de que 5% das infecções ou reinfecções levam a sintomas prolongados conhecidos como COVID Longa, a cada dia pelo menos 38.000 americanos são colocados em rota de colisão com seus efeitos debilitantes. As internações por COVID-19 também estão aumentando nos EUA, enquanto as mortes devem aumentar nas próximas semanas.
O monitor da The Economist mostra que o excesso de mortes acima da linha de base pré- pandemia continua elevado nos EUA, com 429 mortes diárias em excesso, e o total acumulado agora é de 1,46 milhão. Globalmente, o excesso de mortes diárias tem oscilado em torno de 10.000, e o total acumulado agora é de 27,3 milhões, com a esmagadora maioria devido aos inúmeros impactos da COVID-19 na saúde.
Os CDC e o governo Biden não emitiram nenhuma declaração pública sobre a atual onda da pandemia, que também tem recebido pouca cobertura da mídia corporativa. Nenhuma autoridade de saúde pública ou político incentivou os americanos a usarem máscaras N95 de alta qualidade para se protegerem, encobrindo o fato de que essas máscaras impedem a transmissão viral.
A vítima mais proeminente da atual onda de COVID-19 nos EUA é o próprio Joe Biden, que testou positivo em 17 de julho. Essa foi a terceira infecção por COVID-19 de Biden, depois de ter testado positivo e, em seguida, ter sofrido o efeito “rebote” em julho-agosto de 2022.
Apenas quatro dias depois de testar positivo, Biden emitiu notas públicas anunciando sua retirada das eleições presidenciais de 2024 e endossando Kamala Harris como a candidata do Partido Democrata. Entre uma série de afirmações delirantes sobre sua presidência, ele escreveu absurdamente de seus aposentos isolados na praia de Rehoboth: “Juntos, superamos uma pandemia que só ocorre uma vez no século”.
Embora a mídia tenha ignorado o papel da última infecção de Biden em sua desistência de concorrer à reeleição, ela foi claramente um fator precipitador importante. Apesar dos apelos universais para que ele desistisse após seu desastroso desempenho no debate, durante semanas Biden se recusou a fazê-lo, dizendo a George Stephanopoulos que somente “o Senhor Todo-Poderoso” poderia convencê-lo. Evidentemente, a intervenção divina veio na forma de uma reinfecção pela COVID-19.
É muito provável que as infecções de Biden em 2022 tenham acelerado seu declínio mental, que já era aparente durante as eleições de 2020, mas piorou constantemente. Durante a pandemia, vários estudos descobriram que mesmo infecções leves por COVID-19 podem causar ou acelerar a degeneração neurológica, com a proeminente neurocientista Dra. Leslie M. Kay alertando sobre “uma onda de demência pós-COVID nas próximas décadas”. Um estudo recente desse tipo, publicado em fevereiro de 2024, reafirmou que a COVID-19 pode causar “lentidão cognitiva pronunciada”.
Após Biden se retirar da campanha eleitoral de 2024, a mídia corporativa alinhada ao Partido Democrata emitiu saudações fervorosas em relação às realizações supostamente “históricas” de seu governo. Talvez a mais fraudulento delas tenha sido um artigo de opinião publicado na quinta-feira no Washington Post pela colunista Leana Wen, intitulado “Obrigado, presidente Biden, por nos guiar durante a pandemia”.
Desde a posse de Biden, Wen tem devidamente saudado todas as políticas não científicas adotadas pela Casa Branca ou pelos CDC, justificando o retrocesso constante de todas as medidas de mitigação contra a COVID-19. Juntamente com seu colega do New York Times, David Leonhardt, ela está entre os mais famosos minimizadores da pandemia e é justamente odiada por todos aqueles que acompanham a ciência da pandemia em curso.
Wen começa seu artigo afirmando:
O anúncio surpreendente do presidente Biden de que desistirá de sua candidatura à reeleição levou muitos a elogiar suas realizações. A principal delas deve ser a forma como seu governo lidou com a pandemia do coronavírus e salvou milhões de vidas americanas.
Wen caracteriza a política de pandemia de Donald Trump como uma “rendição”, o que levou a COVID-19 a “se tornar a terceira principal causa de morte do país” quando Biden assumiu o cargo. Mas ela omite o fato de que um ano depois, em resposta à variante Ômicron, Biden concluiu a rendição abjeta de todo o establishment político dos EUA à pandemia, implementando totalmente a política de “imunidade de rebanho” de Trump. Durante o inverno de 2021-22, a COVID-19 foi mais uma vez a terceira principal causa de mortes, com mais de 200.000 americanos sucumbiram ao vírus, tudo pelas mãos do governo Biden.
O arquiteto-chefe da resposta à pandemia de Biden foi o coordenador de resposta à COVID da Casa Branca, Jeff Zients, um investidor multimilionário de Wall Street sem formação médica ou em saúde pública. Em 17 de dezembro de 2021, quando mais de 1.000 americanos estavam morrendo de COVID-19 todos os dias, Zients ameaçou de forma grotesca os não vacinados: “vocês estão encarando um inverno de doenças graves e morte para vocês, suas famílias e os hospitais que vocês poderão sobrecarregar em breve”. Durante todo aquele inverno e seu tempo no cargo, Zients e Biden se opuseram continuamente aos lockdowns e denegriram todas as outras medidas de saúde pública.
Ignorando esses crimes, Wen dedica a maior parte de seu artigo a glorificar o lançamento das vacinas contra a COVID-19 por Zients. Ela também tenta alegar que Biden supervisionou uma vasta expansão das medidas de saúde pública, por meio de “parcerias com empresas farmacêuticas para desenvolver e distribuir tratamentos antivirais, ampliando os testes em casa, melhorando a vigilância de doenças e investindo em pesquisas sobre a COVID Longa”.
Tudo isso é uma mentira. Especialmente após Biden ter encerrado a declaração de emergência de saúde pública para a COVID-19 em maio de 2023, menos pessoas estão se vacinando, o monitoramento da pandemia foi desmantelado, os testes em casa e os antivirais são quase impossíveis de serem conseguidos pela maioria dos americanos e o financiamento de pesquisas sobre a COVID Longa e outros aspectos da COVID-19 evaporaram. Mais de 24,5 milhões de americanos foram excluídos do Medicaid no ano passado, sendo lançados nas fileiras dos que não possuem seguro saúde.
Wen conclui: “Acredito que o legado de Biden será o de ter sido o presidente que tirou os Estados Unidos da pandemia da melhor forma possível. Por todo o seu trabalho em prol da saúde pública, agradeço a Joe Biden”.
Isso não passa de propaganda grosseira, projetada para encobrir os crimes de Biden, bem como sua própria cumplicidade e a de toda a mídia corporativa.
O verdadeiro legado de Biden será o de ter supervisionado a morte por COVID-19 de mais de 800.000 americanos, enquanto outros milhões sofrem com os efeitos debilitantes da COVID Longa, cujos impactos geracionais de longo prazo das reinfecções anuais só serão totalmente compreendidos nos próximos anos ou décadas.
A verdade é que Biden foi vítima de sua própria política de “COVID para sempre”, que representa a rejeição total à saúde pública. Seu declínio físico e político revela o caráter totalmente insustentável dessa política, que está sujeitando toda a humanidade a ondas intermináveis de reinfecção em massa com um vírus conhecido por ser capaz de danificar praticamente todos os órgãos do corpo.
Embora Biden tenha conseguido se isolar com segurança em casa, com acesso imediato ao Paxlovid e a tratamento médico avançado, a realidade para a grande maioria da população americana é diametralmente oposta.
Informada de que “a COVID é leve”, não educada sobre os riscos colados pela reinfecção, sem acesso a tratamento, forçada a trabalhar enquanto está doente ou correndo o risco de perder o emprego e deixada a se defender sozinha se for incapacitada pela COVID Longa, a classe trabalhadora foi completamente abandonada pelo sistema capitalista e seus apoiadores nas burocracias sindicais.
A resposta à pandemia tanto de Trump quanto de Biden sinalizou a queda do século XXI na barbárie capitalista. A normalização da morte em massa causada pela COVID-19 preparou a burguesia das potências imperialistas para levar a cabo sua guerra brutal contra a Rússia na Ucrânia desde 2022 e o genocídio em Gaza desde 2023, a antessala de uma Terceira Guerra Mundial em desenvolvimento que coloca em risco um Armagedom nuclear.
A ordem social doente que produziu esses horrores deve ser derrubada e substituída por uma economia socialista mundial planificada que garanta o financiamento total da saúde pública, o acesso universal a atendimento médico de alta qualidade, moradia e educação, assim como o fim da pobreza, das doenças e da guerra.