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Perspectivas

Os trabalhadores devem se mobilizar para acabar com a repressão policial aos protestos estudantis contra o genocídio!

Publicado originalmente em 2 de maio de 2024

A Aliança Operária Internacional de Comitês de Base (AOI-CB) faz um chamado aos trabalhadores para que tomem as medidas necessárias para forçar o fim da repressão de Estado policial nos campi universitários. A posição corajosa tomada pelos estudantes contra o genocídio em Gaza exige o mais amplo apoio da classe trabalhadora.

Devem ser organizadas manifestações, reuniões de massas e delegações de trabalhadores devem ir aos protestos nos campi, culminando em uma greve nacional e internacional para forçar o fim do ataque ao direito básico à liberdade de expressão.

Manifestantes se reúnem no campus da UCLA após ataques à noite de sionistas organizados contra grupos pró-palestinos, em 1º de maio de 2024. [AP Photo/Ryan Sun]

Os trabalhadores estão testemunhando as etapas iniciais da lei marcial nos Estados Unidos. Embora haja uma longa história de uso da polícia contra protestos antiguerra, não há precedentes para a tentativa de tornar ilegal a oposição a um genocídio, que está sendo abertamente apoiado pelo governo dos EUA.

Contra manifestantes pacíficos, os governos locais controlados pelos Partidos Republicano e Democrata, em coordenação com o governo Biden, inundaram os campi com a tropa de choque e policiais a cavalo, apoiados por drones e atiradores de elite, para espancar e prender milhares de pessoas. Embora tenham alegado que isso seja necessário para “restaurar a ordem”, a polícia está trabalhando com a extrema direita, que na Universidade da Califórnia em Los Angeles (UCLA) atacou os manifestantes com fogos de artifício e armas brancas enquanto a polícia assistia a tudo. Até mesmo massacres abertos de estudantes, como na Universidade Estadual de Kent em 1970, estão sendo considerados, conforme demonstrado pelas exigências de envio da Guarda Nacional para as universidades.

O apoio unânime à repressão expõe o caráter do sistema político como um instrumento da dominação de classe. Ambos os partidos também superaram suas diferenças em 2022 ao proibir uma greve nacional dos trabalhadores ferroviários.

Colocar a “frente doméstica” em ordem é visto como o primeiro passo necessário na preparação para uma escalada militar extremamente impopular e crimes de guerra em uma escala nunca vista desde o final da Segunda Guerra Mundial. Em primeiro lugar, isso implica a invasão israelense de Rafah, que seria, de longe, a pior atrocidade até agora do genocídio de sete meses na Faixa de Gaza.

O genocídio em Gaza e os planos de guerra dos EUA contra o Irã são apenas uma frente em uma guerra mundial emergente. As repressões no campus ocorreram quando ambos os partidos votaram para aprovar projetos de lei de financiamento militar não apenas para Israel, mas também para as forças armadas na Ucrânia e para Taiwan, que serviria como gatilho em uma futura guerra contra a China.

Os trabalhadores e seus filhos serão enviados para lutar nessas guerras, que estão sendo pagas com a destruição de salários, aposentadorias, assistência médica e programas sociais. Essas guerras já ceifaram centenas de milhares de vidas e ameaçam a aniquilação nuclear.

As desculpas dos “direitos humanos” e da “democracia”, há muito tempo usadas como cobertura política para a guerra, foram despedaçadas. Milhões de pessoas também estão cientes da mentira do “antissemitismo” promovida contra os protestos, principalmente porque muitos manifestantes judeus foram presos, inclusive a candidata presidencial do Partido Verde, Jill Stein.

Na realidade, essas são guerras imperialistas pelo domínio de mercados estrangeiros, recursos naturais e cadeias de suprimentos globais.

O comando dessas guerras está em Washington D.C. Mas ataques a manifestantes estão ocorrendo em todo o mundo, inclusive na Alemanha, onde a polícia acabou com uma conferência da Voz Judaica por uma Paz Justa no Oriente Médio, bem como no Reino Unido e na França. Na Ucrânia, onde jovens são arrancados das ruas e enviados para a linha de frente da guerra, a polícia secreta do Estado prendeu Bogdan Syrotiuk, um opositor socialista dos governos capitalistas da Ucrânia e da Rússia.

A guerra imperialista no exterior está sendo acompanhada por um ataque aos direitos sociais da classe trabalhadora nos EUA. As empresas americanas anunciaram quase 1 milhão de demissões desde o início do ano passado. Isso faz parte de uma política deliberada, coordenada pelo governo e pelos bancos centrais, para usar a inflação alta e a automação para criar desemprego em massa. O objetivo é esmagar a crescente onda de greves, que começou após o início da pandemia.

Os estudantes tomaram uma atitude corajosa. Mas suas ações antecipam um movimento ainda mais poderoso na classe trabalhadora. As questões que eles levantaram não podem ser resolvidas nos campi, mas sim nas fábricas, depósitos, ferrovias e portos. A classe trabalhadora, a força social mais poderosa do planeta, que cria toda a riqueza por meio de seu trabalho, deve alavancar esse poder para forçar o fim do genocídio e da guerra.

Os trabalhadores não devem se contentar com resoluções de cessar-fogo desonestas aprovadas por burocratas sindicais que apoiam o “Genocida Joe” Biden e outros políticos pró-guerra. Na quarta-feira, o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Automotivos (UAW), Shawn Fain, declarou que o sindicato “nunca apoiaria” prisões em massa, apontou para uma resolução de cessar-fogo vazia aprovada em dezembro e instou os “poderes constituídos” a libertar os estudantes presos e “parar de apoiar a guerra”.

Mas Fain e a burocracia do UAW apoiam Biden e até trabalharam com a tropa de choque para protegê-lo dos manifestantes durante uma visita a Detroit. Fain também passou a usar um agasalho pró-guerra com a imagem de um bombardeiro e a frase “Arsenal da Democracia”, referindo-se à mobilização em grande escala da indústria dos EUA para a Segunda Guerra Mundial. Fain quer ajudar Biden a realizar a mesma coisa hoje, desta vez não pela “democracia” contra o fascismo, mas pelo genocídio.

Fain e outros burocratas sindicais estão trabalhando com Biden e as empresas americanas para sabotar a luta contra as demissões em massa. Milhares de trabalhadores do setor automotivo perderam seus empregos desde a aprovação de um novo contrato nacional em outubro passado, e o UAW cancelou uma greve na última sexta-feira, no último minuto, de 7.000 trabalhadores da Daimler Truck.

Ele alega que o UAW está se preparando para uma greve – em maio de 2028! Se os trabalhadores esperarem quatro anos inteiros para agir, quantas novas guerras terão começado, quantos trabalhadores mais terão sido massacrados e que direitos restarão para defender?

Os trabalhadores de base devem tirar a iniciativa das mãos dos burocratas. Como fizeram em muitas batalhas contratuais, os trabalhadores devem formar comitês de base independentes da burocracia para preparar greves. Eles devem assumir o controle das reuniões sindicais ou organizar suas próprias reuniões para exigir que os sindicatos aprovem as greves. Em particular, todos os membros do UAW, que incluem dezenas de milhares de estudantes de pós-graduação e centenas de milhares de trabalhadores de fábricas, devem ser convocados.

Se os burocratas se recusarem, ou tentarem ganhar tempo, os trabalhadores devem expulsá-los e substituí-los – não por funcionários de carreira, mas por líderes vindos do chão de fábrica que estejam preparados para fazer valer a vontade democrática da classe trabalhadora.

Nada é mais perigoso do que os trabalhadores esperarem que essa seja apenas uma crise momentânea que passará assim que a classe dominante recuperar a razão. Assim como em 1914 e 1939, a guerra não é uma política equivocada, mas um produto do colapso do sistema capitalista.

Em defesa de seus interesses, não há linha que a oligarquia corporativa não ultrapasse. Deve-se lembrar que a mesma classe dominante que está atacando os protestos contra o genocídio sabotou a resposta da saúde pública à pandemia de COVID-19, que resultou na morte de milhões de pessoas, e produziu um movimento fascista emergente liderado por Donald Trump. Não há solução progressista para essa crise com base no capitalismo.

Isso significa que a luta contra a guerra deve estar conectada à luta pelo socialismo e à expropriação dos super-ricos belicistas, usando os recursos que eles monopolizam para atender às necessidades humanas.

A luta contra a guerra deve ser realizada como uma luta internacional comum pelos trabalhadores de todos os países. A AOI-CB faz um chamado para que trabalhadores e a juventude de todo o mundo assistam o Ato Internacional Online de Primeiro de Maio como um passo fundamental na construção de um movimento socialista de massa contra a guerra e a ditadura.

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