Publicado originalmente em 4 de junho de 2021
Esta declaração foi escrita pelo Comitê de Base dos Trabalhadores da Volvo (VWRFC) na fábrica de New River Valley em Dublin, Virgínia. Os trabalhadores da Volvo podem entrar em contato com o VWRFC em volvowrfc@gmail.com.
Companheiros e companheiras, em 16 de maio nós votamos contra o acordo provisório defendido pelo sindicato, o UAW, com uma recusa esmagadora de 91%. Votamos assim porque esse contrato é vendido, totalmente a favor da empresa. Ele impõe uma série de perdas e de novos mecanismos destinados a forçar os trabalhadores antigos a saírem, superexplorar os novos e jogar os aposentados na miséria.
Em questão de dias, esse negócio desprezível – que nós recusamos de primeira – voltou, ressuscitado como o monstro do Dr. Frankenstein, sob a forma do segundo acordo provisório. Como escrevemos em nossa declaração de 28 de maio – 'Vote NÃO ao contrato escravista': 'A proposta de 32 páginas embrulhou de novo o mesmo estrume que nós rejeitamos com 91%. Um centavo aqui e outro ali só estão destinados a encobrir o fato de que esse novo acordo não só não é significativamente melhor que o último, mas de certa forma é pior!”.
O 'novo' acordo provisório mantém a mesma escala de trabalho de 4x10 retroativa. Ele mantém o sistema de ponto punitivo, em que um trabalhador que chega um minuto atrasado é penalizado da mesma forma que um trabalhador que chega quatro horas atrasado. Mantém “aumentos” salariais que não acompanham a inflação ou os custos com a saúde. Ele elimina formulações sobre o direito de greve e acrescenta formulações que dão liberdade à Volvo para revisar o acordo praticamente quando quiser.
Chamamos o mais amplo voto 'não' possível neste domingo porque esse último acordo provisório não atende a nenhuma de nossas exigências mínimas.
Dada a inclinação do UAW a fraudar urnas, exigimos supervisão da base sobre a votação. Todos sabemos que há uma oposição esmagadora a este acordo e não aceitaremos uma decisão 'surpresa' apoiada sobre um resultado apertado, como aconteceu com nossos companheiros na Nexteer no início deste mês.
Com a votação de 6 de junho se aproximando, o UAW está dando à Volvo liberdade para estocar veículos. A empresa está se aproveitando dessa trégua injustificada para se entrincheirar. As cegonhas estão com quase 2.000 caminhões dentro, apenas esperando por fura-greves para finalizá-los.
Em sua campanha para tentar forçar o contrato, o UAW nos ameaçou com uma greve prolongada caso não aceitemos o acordo. Basicamente, eles estão dizendo: 'Escolham seu veneno: ou aceitam seis anos de escravidão, ou fazemos vocês morrerem de fome nos piquetes'.
Dizemos que a greve é nossa arma. Ela deve ser usada para ameaçar a empresa, não os trabalhadores.
Ao UAW, exigimos saber exatamente o que vocês se propõem a fazer. Se sua estratégia consiste em nos isolar e nos matar de fome nos piquetes, isto não vai rolar. Nós sabemos onde isso termina. Desde que os controladores de tráfego aéreo da PATCO foram traídos pela AFL-CIO, que permitiu que eles fossem esmagados há 40 anos, o histórico ininterrupto dos sindicatos foi de traições e derrotas. Mas desta vez não seguiremos esse caminho.
A Volvo tem um plano e uma estratégia para vencer. Ela está determinada a forçar o acordo que “negociou” com o UAW pelas nossas costas. Não podemos vencer sem nosso próprio plano e estratégia, elaborados do começo até o final.
O Comitê de Base dos Trabalhadores da Volvo insiste nas seguintes condições para uma luta séria contra a empresa:
1. Renda integral para os trabalhadores grevistas. Se for necessária uma greve, nós nos recusamos a passar fome enquanto estamos nos piquetes. Exigimos que os trabalhadores da Volvo tenham pleno acesso ao fundo de greve do UAW de US$ 790 milhões, que deve ser usado para sustentar nossa luta, e não para financiar as viagens para jogar golfe e os jantarzinhos dos executivos corruptos do sindicato. O UAW diz que o pagamento adequado aos trabalhadores em greve irá rapidamente esgotar o fundo de greve. Nos desculpem, Messieurs Ray Curry, Rory Gamble e Matt Blondino (os executivos do sindicato) mas para que serve exatamente o fundo de greve? Este dinheiro é nosso.
A abertura do cofre vai enviar um sinal claro para a empresa de que estamos seriamente dedicados a vencer e estamos preparados para uma batalha prolongada.
2. A unificação com outros trabalhadores da Volvo. A estratégia deliberada do UAW de nos separar dos outros trabalhadores da Volvo, particularmente da Volvo-Mack, termina agora. Nosso Comitê de Base recebeu muitas perguntas de trabalhadores em Hagerstown, Maryland e Allentown, Pensilvânia, para não mencionar os trabalhadores da Daimler Truck, Amazon e outros locais de trabalho. Os trabalhadores querem se unir. Se o inimigo quer lutar uma guerra contra nós, devemos estar preparados para abrir novas frentes de batalha em sua retaguarda, inclusive nas operações da Volvo na Suécia, França, Bélgica, Reino Unido e Polônia.
3. Impedir os fura-greves. A grande tradição de piquetes massivos deve ser retomada para bloquear os fura-greves e encerrar completamente as operações na NRV. Qualquer movimento para contratar trabalhadores substitutos deve enfrentar a mobilização total de todos os trabalhadores da Volvo nos EUA e em todo o mundo.
4. Apoio e articulação com greves em andamento. O isolamento leva à derrota. Os trabalhadores de outras fábricas e setores enfrentam a mesma precarização das condições de trabalho e ataques a seus meios de subsistência que nós enfrentamos. Devemos enviar delegados e nos articular com os mineiros em greve da Warrior Met no Alabama, os mineiros da Vale Inco em Ontário, Canadá, os metalúrgicos da ATI na Pensilvânia e em outros estados, os enfermeiros de Massachusetts e os petroleiros da ExxonMobil no Texas para nos prepararmos para uma greve geral, se necessário. A solidariedade não é para nós só um slogan; é a unidade ativa e de combate da classe trabalhadora.
5. Fim das negociações a portas fechadas. Insistimos para que os trabalhadores de base tenham acesso a todas as sessões de negociação, a fim de fornecer relatórios diários detalhados a todos os trabalhadores.
6. Nenhum retorno ao trabalho sem as nossas exigências mínimas. Não temos nada a discutir com a Volvo ou o UAW até vermos um contrato com aumento de salário de 25%, o fim do sistema de níveis (trabalho igual com salário diferente), nenhuma Escala de Trabalho Alternativa, direito a cinco folgas “pessoais” para todos, um bônus de US$ 4.000, nenhum aumento nos custos de assistência médica e financiamento total da assistência médica dos aposentados sem pagamento de taxas ou coparticipação.
Os quarenta anos seguidos de derrota devem acabar. Greves foram vencidas no passado, e podem ser vencidas novamente. Estamos traçando uma linha no chão, AQUI na Volvo, NESTA luta. Vamos nos preparar para uma greve! Deixemos a Volvo nos temer e não o contrário!